terça-feira, abril 23, 2013


Aleatórias

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sábado, fevereiro 16, 2013


Eu estava de passagem, mas você acabou não sendo passageira

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O percurso era sempre o mesmo. Eu saía de casa às sete e meia, passava na mesma cafeteria barata todos os dias, sem exceção, por mais atrasado que estivesse, comprava meu café amargo e passava a ignorar qualquer movimento a minha volta. Não era vício, era necessidade, basicamente eu precisava me manter acordado, ou fingindo me preocupar com o que era dito, enquanto frequentasse a faculdade. Quanto a isso, não era necessidade, havia se tornado um tipo de obrigação desde que meu sustento passou a depender dessa boa ação. Na real, isso costumava se encaixar na minha maneira de deixar a vida passar, era fácil, simples, não tinha como dar errado ou acontecer algum imprevisto por excesso de expectativa. Eu podia me surpreender ou me decepcionar, mas estaria no controle. Me dar bem ou me ferrar, mas é assim que as coisas funcionam.

Não era exatamente uma filosofia de vida, muito menos um assunto que devesse ser questionado, opinado ou discutido. Não era pra ser nada disso, mas dias chuvosos parecem ser um tipo de aviso que alguma coisa vai desandar, nem que seja um atraso causado por uma aglomeração infernal de pessoas. É impressão ou isso soou ironicamente romântico? “E-R-A”(— Nunca gostei de dias chuvosos, mas passei a gostar de você. Tão fria que me deixa com vontade de te esquentar. — Eu não estava distraído, nem procurava por alguém, mas daí esbarrei em você. Posso ter gostado disso.) Foram insanas as coisas que aconteceram naquele mês, principalmente as que saíram da minha boca. Começando daquele jeito, afinal, não podia ter sido diferente. É que enfrentar a chuva ou a cafeteria lotada foi uma escolha fácil aquele dia, tão fácil quanto descobrir qual era meu problema com as pessoas a ponto de escolher continuar na minha jornada solitária com um novo método pra me manter acordado. Na hora fez sentido escolher me molhar (— Se eu precisasse enfrentar várias tempestades até te encontrar, eu o faria. — “Você pode pegar um resfriado se continuar com essa roupa molhada.” “Você também. Me ajuda a tirar a minha que eu te ajudo com a sua.”) Patético. Tão patético quanto a minha atitude de te ver e não fazer nada, te deixar ir como se o seu lugar já tivesse sido ocupado outra vez, por alguém sem o seu nome, rosto, perfume ou suas manias. Como se eu não tivesse me desprendido da minha rotina por você.

Se naquele dia a chuva foi um motivo pra eu mudar minha rotina, o motivo depois dela passou a ser alguém que não tinha medo de se molhar. E do mesmo jeito, com a mesma rapidez, passei a tentar me guiar para longe da tempestade, mas foi como pegar um resfriado e não conseguir se livrar da tosse, como ter a casa invadida pela água e não conseguir ajeitar a bagunça. Continuo parecendo romântico, o personagem clichê que sempre tem respostas diante de um desafio, mas é que você esqueceu aquele livro do Sparks no meu apartamento e apesar de ter achado o trecho riscado um desperdício de palavras "havia uma parte dela esperando que ele voltasse", uma parte de mim quis fazer desse livro um motivo para voltar. Um desperdício de tempo e um desvio de percurso, só pra variar.

Mas é que eu sempre acreditei ter o controle de tudo e você, saber o rumo desses encontros casuais. Isso me fez perceber que ambos – controle e rumo – estavam praticamente perdidos, totalmente fora do meu alcance, assim como você gritou aos quatro cantos que estaria. No final, o que a gente ganha é a certeza de que não adianta querer estar um passo adiantado, se não tiver alguém pra caminhar ao seu lado. É isso. Sabe aquelas coisas que você vivia dizendo e que eu não era capaz de compreender? Está tudo sendo rabiscado nas folhas em branco, nas paredes vazias, nas frases sem sentido, no orgulho que eu tenho insistido em deixar para trás. Eu tenho escrito a continuação de uma história que, tenho certeza, poderia ter sido diferente. Vai lá saber, se nossos passos não se cruzam novamente num dia sem tempestade, numa esquina qualquer, enquanto estivermos tentando encontrar novos caminhos.

Perder o controle, e se deparar com o mesmo rumo. Só não demora a sair de casa, o céu está nublado mais uma vez.

Oi, pessoal. Fazia um bom tempo que não escrevia, apesar de adorar fazer isso, não sei o que acontece que eu sinto um certo bloqueio às vezes. Sim, eu devo ser meio complexada com isso, porque acabo não dando tanto crédito a minha imaginação/inspiração/devaneios quanto deveria. Ou seja, meu bloqueio geralmente tá relacionado com minha falta de memória (o que me leva a pensar que eu realmente deveria andar com qualquer coisa que me permita anotar as luzes no fim do túnel que me aparecem, pela madruga rs)
Espero que gostem e se sintam à vontade pra compartilhar os textos de vocês. Pode ser por comentário ou através do formulário

Espero que tenham gostado! Ah, curtam a fan page do blog, em breve teremos novidades por lá. Se você leu até aqui, muito obrigada.


sábado, fevereiro 02, 2013


Aleatórias

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 Oi, pessoal. Aproveitando o embalo do começo do mês de fevereiro, vou reorganizar e colocar em dia tudo que está relacionado ao IC. Quem acompanhou o início do blog, ou deu uma olhada nas páginas anteriores, deve lembrar que uma das tags que eu atualizaria seria a "Egocentrismo fotográfico". Essa é a intenção do post de hoje! É morrendo de vergonha que eu compartilho com vocês as últimas fotos que eu tirei. Algumas (as duas primeiras) foram tiradas com a câmera do meu celular, o restante, com câmera compacta (luminosidade natural é <3).






Por hoje é só. Espero que gostem.

Meme: Selinho de indicação

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Fui indicada pela Larissa do blog Doce Apego pra fazer esse meme e, como sempre tem uma primeira vez pra tudo, resolvi participar. Fiquei muito contente com a indicação, por isso espero que vocês curtam e façam também.

Regrinhas: Esse selinho é outra forma de interagirmos com outros blogueiros, e assim, conhecer um pouquinho sobre cada um e seus blogs. A regra é a seguinte: as blogueiras que receberem o selinho, terão que responder as perguntas feitas pela blogueira que indicou seu blog e no final, listar outros 10 blogs para fazer o mesmo!  

Ps: Não podem ser indicados blogs com mais de 800 seguidores, afinal, esse selinho é para divulgarmos outros blogs super legais que merecem seu reconhecimento na blogsfera.

Perguntas

  • Como escolheu o nome do seu blog?
Auto-definição resume tudo. Sério, eu podia arranjar mil e uma formas de explicar e contar o histórico, mas é meio impossível. Então, digamos que na época em que criei um dos meus tumblrs (perdi as contas de quantas vezes exclui e criei uma conta nova) esse foi o nome mais verdadeiro e que mais se encaixava comigo (simmmmm, continuo sendo incerta e tendo incertezas constantemente). O nome virou tumblr, que pouco depois virou blog. 

  • Há quanto tempo tem seu blog?
O IC foi criado no dia 16 de dezembro de 2011. Tem poucos posts pra contar a história, o que me faz ter o sentimento de que estou (re)começando sempre que apareço por aqui. Desculpem por isso, gurias!

  • Como você divulga seu blog?
O IC tem a fan page no facebook, e como eu ando meio sumida desatualizada, reconheço que estou falhando na divulgação e na atualização do blog. 

  • Quais os assuntos que tem mais visualizações no seu blog? 
Textos e assuntos relacionados a moda são os mais visualizados.

  • O que motivou você a criar um blog? 
Eu sempre gostei muito de visitar blogs e pesquisar sobre assuntos diversos, além de me expressar muito por meio das palavras. A combinação desses três fatores; inspiração, curiosidade e vontade de me expressar, fizeram com que eu entrasse pra esse universo da blogsfera.

  • Você mora onde?
 São Mateus - Espírito Santo. Alguém quer me levar na bagagem pra conhecer novos lugares? ):

  • Quais os seus objetivos com o blog?
Vocês notaram que eu estava realmente sumida e deixando o blog de lado? Além de estar trabalhando, eu estava tendo conversas muito desgastantes comigo mesma (brincadeirinha, estava simplesmente pensando no presente e coisas do tipo: "o que eu vou fazer da minha vida"). O que eu quero dizer, é que meu objetivo principal é tornar o IC parte da minha rotina, ou seja, algo constante, pra depois traçar planos mais sólidos.

  • Quais blogs você visita frequentemente?
Váááááááários, sou viciada! Depois dos Quinze (Bruna Vieira), A Series Of Serendipity (Melina), Radioactive Unicorns (Giovanna Ferrarezi), Garota It (Pâmela), 9 Out Of 10 (Nicole), entre outros.

  • O que te inspira a criar posts? 
Séries, músicas, fotografias, textos, não tem uma regra, depende muito da forma como eu interpreto aquilo que sinto e penso.

  • Qual a sua idade?
19 anos (espiada rápida no "sobre mim", ali no cantinho esquerdo! Simmmm, atualizarei o blog por completo. Aguardem layout novo, yay.)

  • Além do blog, tem outra ocupação? Se sim, quais? 
Como eu disse, eu estava trabalhando, fazendo estágio. Agora, vou ver quais são minhas opções e voltar ao pré-vestibular. Por enquanto é só isso.

  • O que mais gosta de fazer nos finais de semana?
Assisto minhas séries e passo horas em frente ao computador. Geralmente saio com meus amigos e familiares sempre aparecem por aqui.

  • Gosta de café?
Sou viciada! Tem uma xícara cheinha na minha frente agora mesmo.

  • Pretende fazer algo em 2013 para o blog? 
Aguardem por novidades. Só posso adiantar isso. Desculpem. 


Segundo as regras eu deveria indicar 10 blogs pra fazer o mesmo, porém, como eu disse no início do post, espero que vocês curtam e façam o mesmo. 

quarta-feira, novembro 14, 2012


Ligação restrita

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— Oi, sou eu.
Sou eu de novo, permitindo que a chamada seja completada pra não parecer apenas mais uma dessas pessoas bobas que ligam só pra ouvir a voz de alguém e depois desligar — me perdoa por todas as vezes que eu fiz isso, nunca aprendi a controlar a saudade, muito menos a que eu sinto de você. Sou eu de novo, impulsiva e cheia de frases não ditas, de sentimentos não esquecidos, de vontade de você.Sou eu fazendo um pedido silencioso pra que você volte… principalmente pra ocupar os espaços vazios que você deixou.
— Tudo bem com você?
Tudo de um jeito torto, sem sentido ou rumo. Tudo me fazendo lembrar de você e do nós que já não existe mais. Está tudo tão errado que eu ando pensando em desistir; é, sabe, aquele vazio todo que eu era antes de você aparecer, voltou. Eu tentei me preencher com tantas outras coisas, tantas pessoas diferentes… Eu tentei ser leve guardando só as coisas boas, mas até quando fiz isso estava sendo em excesso.
Me disseram que eu sou como pássaro preso em gaiola, que mesmo se esquecessem a portinha aberta eu continuaria ali; porque eu não sei fugir do que quero, do que sou, dos sentimentos que levo comigo. É como se estivessem me dizendo que eu não vou ser capaz de me libertar de você, que vou continuar te pertencendo mesmo você não estando mais aqui. Você me deixou livre, mas não me livrou do que você já tinha me enchido. Devo ser um pássaro defeituoso que se esqueceu como é voar. 
— Tudo, e você? Tem se cuidado como prometeu que faria? — Eu cuidei de você o suficiente ou foi isso que fez você me deixar?
— Tudo normal, ainda não me meti em nenhum acidente, apesar de ter corrido o risco… Pode me dizer qual o motivo dessa ligação?
Posso te dizer tanta coisa se quiser me escutar. Posso querer tantas coisas relacionadas à você, aliás, de todas as coisas que eu poderia querer por que fui pedir justo para ter você?
— Só queria saber como você tem passado. Sei lá, senti sua falta.
Senti sua falta como sinto todos os dias desde que você decidiu sair da minha vida. Eu sei muito bem que eu não deveria falar isso, assim como entendi que não deveria ter me entregado a alguém tão estúpido quanto você. Mas eu sempre fui assim, você sabe… Você sempre me dizia que acreditar em olhares penetrantes e sorrisos aparentemente sinceros acabaria me fazendo ser o lado quebradiço da história. Você quer os parabéns por ter estado certo durante esse tempo todo ou quer que eu te deixe conhecer o que isso me tornou? Eu passei dias tentando entender o sentido disso tudo, quer dizer, que sentido tem ser o lado certo quando o lado errado vem e te faz em pedacinhos? Sendo assim, eu senti falta do que eu era antes de você aparecer.
— Ei, você me escutou? — pergunto numa tentativa falha de fazer você admitir que sentiu minha falta também e que, acima de tudo, termine com essa conversa sem-graça.
— Eu conheci uma pessoa, foi como você disse que aconteceria…
— Se ela é do jeito que eu disse, deve ser uma dessas garotas perfeitinhas que não se tem do que reclamar… Deve te fazer feliz do jeito que eu não soube fazer, não foi isso que eu disse pra você procurar? Alguém que soubesse te trazer felicidade?
— Algo do tipo, não me importei muito em ouvir. Achei que seria apenas mais uma daquelas nossas brigas infantis. Mas, sim, ela é exatamente esse tipo de garota.
— Do tipo que te faz feliz?
— Perfeitinha.
— Eu queria aprender a ser assim, mas essa é uma das infinitas coisas pra qual eu não levo jeito. — Desculpa se eu aprendi a cuidar de você como aprendi a voar, desculpa se fui defeituosa nisso também.
— Eu queria a garota de moletom e cabelo desarrumado de volta.
3 segundos e eu já não estou certa se quero permanecer longe. 3 segundos e eu peço baixinho pra você vir buscar o que deixou pra trás.
— Essa costuma estragar tudo o que tem em mãos.
— Desculpa por ser um erro de fábrica tão convincente.
— Não posso pedir desculpas por não conseguir parar de apostar no erro. Apesar de ser culpada e cair sempre na mesma armadilha.
— Eu voltaria atrás para apostar no erro com você outra vez. — Quantas vezes será preciso cair até aprender que apostar em excessos e falta de limites é burrice?
— Desde quando apostar em mim foi um erro?
— Desde o dia em que deixamos de apostar juntos.
— Cometer o mesmo erro outra vez não vai fazer dar certo. — Por mais que eu quisesse cometê-lo quantas vezes fossem necessárias pra fazer funcionar.
— Você parece ser sempre a escolha certa pra mim.
— A escolha segura, você quer dizer. — Sou aquela que sempre vai estar esperando para ser escolhida quando você não deveria nem cogitar outras opções.
— Sua mania de ser complicada é bonitinha, mas não é necessária agora. — E eu soube que, apesar da sua vontade de rir, você estava falando sério o bastante pra me mandar calar a boca a qualquer momento. — Você é a pessoa menos segura eu já conheci, nunca sei o que esperar de suas atitudes pra calcular meu próximo passo… E sempre fui realmente bom nisso.
— Aonde quer chegar? Complicada e lerda, ótima combinação pra uma pessoa.
— Quero chegar até você. Suas entrelinhas são sempre tortas e não levam à lugar algum. Raramente, quando isso acontece, dou de cara com a garotinha medrosa que você nunca deixou de ser, desde a primeira vez que tentamos.
Eu permaneço em silêncio. Por não saber o que dizer e por querer dizer tudo ao mesmo tempo e simplesmente não saber por onde começar. Você tá fazendo tudo de novo; Destruindo todas as minhas defesas com as armas que eu criei contra você. Porque eu sou isso mesmo quando se trata de nós dois. Medrosa. Você me deixa frágil e sem reação quando está perto, indefesa e quebradiça, quando se afasta. Não temos equilíbrio, não balanceamos a equação. Mas eu volto e você nunca vai embora completamente.
— Eu sei que deveria insistir e até te obrigar a deixar seus medos e receios de lado, como alguém que quer demonstrar que se importa faria. Mas eu tô aqui agora, admitindo que não sei o que fazer o que fazer com você e com a falta de explicação e sentido pra essa bagunça que você provoca. Você precisa me ensinar como organizar isso.
— E você precisa voltar a bagunçar minha bagunça organizada. — Eu volto a dizer, como se já não fosse bagunçada o suficiente. Sem querer dar sentido e vasculhar as razões por trás dos seus motivos. Eu continuo aqui, estagnada no que sinto por você, na minha mania de querer te ter por perto. — Eu continuo no mesmo lugar, te mostro os atalhos dessa vez se for preciso. Só não demora a chegar.
Quantos recomeços podemos inventar até fazer funcionar? 

PS.: Faz um bom tempo que escrevi esse texto, devo estar com um daqueles bloqueios porque meus textos novos só tem início (chega a ser estranho porque eu sempre começo pelo fim), queria realmente continuar conseguindo transformar roteiros em palavras mas não tem funcionado muito bem. 
Então, se você conseguiu ler este texto todo, eu só tenho a agradecer pela leitura e pela visita. Obrigada mesmo, pessoal.
PS2.: As outras categorias também só tem tido esse "início", não tenho tido muito tempo pra pesquisar e terminar os rascunhos que comecei. O que me fez ler o primeiro post do blog e repensar sobre "dar continuidade". Quanto a isso, só posso pedir desculpas.
Obrigada pelas visitas mais uma vez.

domingo, outubro 28, 2012


Eles não produziam clichês, inventavam metáforas

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“Eu não vou voltar. E estou falando sério, pode tirar essa expressão debochada do rosto e esse sorriso de quem vai me agarrar pela cintura a qualquer momento, porque esse joguinho não vai mais funcionar. Você pode me olhar com olhos de “apenas-mais-uma-garota-qualquer”, assim como eu te vejo sob a perspectiva mínima “só-mais-um-que-não-vale-nada”. Mas eu já me virei em muitos avessos até me dar conta de que meu tempo com joguinhos assim, acabou. Estou te contando agora para que não haja mal-entendidos, então é bom que você entenda como funcionam as coisas agora. Talvez você queira saber o que aconteceu nesse meio-tempo que me fez ver tudo de uma forma diferente, mas, não adianta, eu não me lembro. Talvez eu não mereça mesmo lembrar, ou apenas não consiga reconstruir o quebra-cabeça que você fez surgir com essas idas e vindas, como se fosse fácil lembrar e voltar a esquecer. Não importa. Jogo pra fora tudo que me incomoda e já não me serve mais uma vez por semana e talvez você faça parte dessa lista na próxima vez em que eu fizer isso. Não nego que já devia ter feito isso contigo há algum tempo, mas recicláveis também fazem parte da rotina. Não precisa arquear a sobrancelha e começar os discursos convencidos de sempre, aliás de tanto você usá-los aposto que o estoque acabou.

OK, desculpa pelas metáforas, mas é que eu entendo, sim, que foi fácil me ganhar durante um tempo. Só estou deixando o início e o que pode ser o fim nas mesmas medidas exageradas. Exagerando também no que eu digo, no que eu penso em dizer, no que eu sinto por você e na minha fixação de que isso vai acabar funcionando de algum jeito. Droga! Exageros não são saudáveis, é exatamente disso que estou tentando me convencer, principalmente quando isso (me) faz perder o controle. Quando me faz menos minha pra me doar à alguém. Quando me traz esse medo absurdo de não estar incluída nos seus planos, de não estar mais perto, de não te ter comigo. É exagero quando ouço sua voz ou quando escuto seus ecos. Perto ou longe, é sempre em exagero. Se ao menos saudade fosse equilíbrio. Não é. Do mesmo jeito que nós nunca fomos. Do mesmo jeito que eu estou exagerando achando que podemos nos equilibrar, e, consequentemente, adicionando uma infinidade de verbos que nos falta. É por isso que não têm funcionado; não consigo ser meio-termo, enquanto você nunca deixou de ser indecisão.

Se eu sei o que fazer? “Eu nunca soube muito bem o que fazer com você, por isso que chegamos onde estamos. É por isso também que, dessa vez, você precisa acreditar que eu vou parar de me colocar onde você quer que eu esteja.” “Você quis que fosse desse jeito. E apesar disso, não tem ideia do quanto foi difícil escalar seu muro de dificuldades e dar de cara com a cerca elétrica que te rodeava ou como foi substituir seu medo de se envolver pelo de não estar incluída. Não diz que não sabe o que fazer, você devia ter noção do que eu quero e certeza de que eu não teria insistido se não acreditasse que a gente pode fazer dar certo. Com nosso jeito torto, a gente se conserta. Se adapta, se encaixa, se apoia, se inventa e reinventa.” “Não foi meu jeito que te fez ir e vir como se não tivesse problema.” “Essa tua mania de dizer que as pessoas é que cansam e se afastam, não faz meu tipo, igual você reclamar antes das pessoas te darem motivos pra fazer isso. É irritante, mas fica bonitinho em você.” “Você é tão idiota que não consegue falar sério se não tiver decorado frases encaminhadas” “Tão idiota que perdi meu tempo te ganhando.” “E ganhou tempo me perdendo. Brincadeira. É sério, esse ciclo não pode continuar.” “Você não tem por quê ir. Além de não precisar me mandar procurar o que fazer com outra pessoa. Não precisa mais adicionar tijolos ao seu muro de dificuldades.” “Você faria parecer ainda mais fácil se não fosse o maior e mais resistente de todos eles. Não sei mesmo como me livrar disso.”

Ele voltou a me encarar com a expressão debochada, sobrancelha arqueada e o mesmo sorriso zombeteiro. “Como se você quisesse”, sussurrou, colocando uma de suas mãos em minha cintura e a outra, na nuca. “Melhor cometer mais um dos nossos exageros.”
 Eles não produziam clichês, inventavam metáforas

segunda-feira, julho 09, 2012


"Porque de todas as coisas do mundo, eu só queria olhar pra você"

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Pela primeira vez na noite, reuni coragem suficiente para olhar em direção a mesa em que você se encontrava. Por um momento pensei que nossos olhares se encontrariam e que você estivesse mesmo abrindo um sorriso por me reconhecer. Involuntariamente, comecei a sorrir também. Assim como, um segundo depois, meus olhos encontraram uma de suas mãos entrelaçando-se com as da nova garota, enquanto, a outra, erguia-se para colocar uma mecha de cabelo solto de volta ao lugar.

Longe de mim, negar que meu primeiro pensamento não esteve relacionado com a capacidade dela de te fazer feliz. Foi isso mesmo, além de uma série de possíveis xingamentos que eu fui capaz de processar em segundos e que poderia dirigir a vocês dois, logo em seguida. Até voltar a tomar fôlego e perceber que não estava incomodada com o jeito artificial e mecânico como ela se movia ou como você parecia se esforçar para fazê-la rir, possivelmente de uma das suas piadas mal-contadas.

Não houve vontade de estar no lugar dela. Houve uma lembrança de um dos inúmeros diálogos inventados, porém nunca concretizados: “posso estar com tantas outras, e, mesmo assim, continuar procurando por você em todas elas” e uma satisfação inesperada por saber que não havia sido real.

Como se não bastasse estar certa em relação a mim, decido estar certa também sobre o tipo de garota que ela é. Eu a observo, determinada a procurar qualquer detalhe que indique que ela te terá nas palmas das mãos. O cabelo, preso num rabo-de-cavalo escorrido, chega quase a lombar, onde, aliás, tem uma tatuagem – uma espécie de pássaro, com algum tipo de corrente presa no bico, que eu, definitivamente, não tenho interesse em saber o que carrega, onde vai dar ou qualquer coisa do gênero –, camiseta customizada do tipo posso-exibir-minha-cintura, além do óbvio você-pode-querer-me-imitar, calça skinny e all-star. Sendo assim, tá tudo certo, eu te conheço e sei que essa daí merece o selo de qualidade, pelo menos, com passagem no nível “posso-te-levar-pra-conhecer-meu-apartamento”. Também não importa muito, não me incomoda mais. Além disso, do superficial, não posso saber se ela te fará lembrar dos oito dígitos nos dias seguintes – desculpe-me por deduzir que ela é mais uma das que tem a oportunidade de um primeiro encontro contigo –, mas, seja como for, achei o que estava procurando; ela tenta colocar a franja atrás da orelha quando fala e, quando está escutando, tende a esconder o rosto.

Seu olhar encontra o meu, no mesmo instante em que a gargalhada – outro detalhe – da sua nova garota ecoa pelo bar já quase vazio. Você fica confuso, olha pra um lado e outro, como se duvidasse que eu pudesse mesmo estar ali sem fazer drama, e então volta a me encarar, sorrindo. Eu tento me lembrar de como era me perder com seu olhar e voltar a me encontrar em seus olhos. Nada. Deve ser um desses caminhos que só se encontram uma vez. Perdi a trilha. Eu me limito a te encarar de volta, como se isso fosse me trazer respostas. Não traz, infelizmente, mas te faz começar a percorrer a distância que nos separa.

Distância que eu volto a preencher, com a sensatez que sempre quis encontrar em mim, mas que estava perdida entre os excessos que eu cometia com você.